O tão famoso efeito sanfona ocorre quando a pessoa emagrece e, pouco tempo depois, volta a ganhar todo o peso perdido. Ele é um fenômeno comum, especialmente após dietas muito restritivas, sem supervisão médica. Esse ciclo de perder e recuperar peso afeta bastante a autoestima e gera uma sensação de insatisfação e fracasso. Mas não é só isso, o efeito sanfona também pode prejudicar a sua saúde, tanto metabólica quanto cardiovascular.

A principal causa do efeito sanfona está relacionada à forma como o corpo reage a dietas rápidas e drásticas. Quando a ingestão de calorias é muito reduzida, o organismo entende que está em “modo de sobrevivência” e diminui o metabolismo para economizar energia. Além disso, muitas vezes há perda de massa muscular junto com a gordura. Como o músculo é um tecido que gasta mais calorias em repouso, essa perda torna mais difícil manter o peso após o fim da dieta. Estudos publicados no American Journal of Clinical Nutrition apontam que dietas muito restritivas aumentam a liberação de hormônios que estimulam o apetite, favorecendo a recuperação do peso.

Outro fator é o comportamento alimentar. Restrições extremas geram sensação de privação, o que pode levar a episódios de compulsão ou exageros assim que a dieta é interrompida. Esse padrão cria um ciclo difícil de quebrar: perda rápida, seguido de compensação alimentar e, por fim, ganho de peso.

Além disso, é importante entender que o corpo, através de respostas fisiológicas, de aumento de fome e queda de metabolismo, sempre vai tender a recuperar o peso perdido. Assim, tudo o que se faz para perder peso deve ser mantido para sempre. E, para evitar o efeito sanfona de forma definitiva, o caminho mais eficaz não está em “dietas milagrosas”, mas na mudança planejada e sustentável de hábitos. Isso inclui:

• Manter uma alimentação muito bem equilibrada, priorizando comida de verdade, que sacia e é menos calórica, rica em fibras, proteínas magras e gorduras boas.
• Evitar bebidas calóricas, pois comprometem a média de calorias ingeridas, mas não trazem saciedade.
• Aumentar a frequência de exercícios físicos e mantê-los regularmente, especialmente musculação ou pilates, que favorecem o ganho muscular.
• Manter um sono adequado e manejar bem o estresse, visto que influenciam diretamente os hormônios relacionados ao apetite.
• Pesar- se sempre, ao menos 1x na semana.
• Criar metas realistas, focando mais na saúde e na manutenção do peso a longo prazo do que em resultados imediatos.
• Avaliar, especialmente na obesidade crônica, o uso de medicamentos, para o seu controle, para o resto da vida.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, manter uma perda de peso sustentável envolve mudanças que possam ser mantidas por toda a vida, e não apenas por algumas semanas ou meses. A chave para escapar do efeito sanfona é transformar o processo em um estilo de vida prazeroso, em um desejo de saúde a longo prazo e não em um projeto temporário.

Especialista em Endocrinologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), ofereço tratamento e acompanhamento para pessoas que buscam viver mais e melhor, elevando a saúde e o bem-estar de cada paciente.

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