A cirurgia bariátrica (ou metabólica), para perda de peso, traz uma grande melhora ou reversão de doenças relacionadas à obesidade e aumenta o tempo de vida destes pacientes submetidos à cirurgia. Contudo, as alterações anatômicas no trato gastrointestinal causadas pelo procedimento, levam, não só a perda de peso, mas a redução da absorção de macro e micronutrientes essenciais à manutenção da saúde, como proteínas, vitaminas e minerais.
Cabe ao endocrinologista, nos cuidados pós-operatórios de longo prazo, rastrear possíveis complicações nutricionais e tratá-las com suplementações proteicas, polivitamínicos e vitaminas isoladas a depender da individualização de cada paciente e de suas necessidades. Este acompanhamento deve ser feito pelo resto da vida já que alguns nutrientes dependerão de reposições cronicamente.
A seguir, algumas recomendações para rastrear e evitar desnutrições de pacientes após a cirurgia bariátrica:
Deficiência de Proteínas
O diagnóstico é clínico, através da história dietética, exame físico, por bioimpedância e laboratorial. Pode haver fraqueza, perda de massa muscular, queda de cabelos e edemas. Muitas vezes é necessário suplementar com proteínas em pó, através de shakes, como o whey protein e/ou creatina.
Deficiência de Vitamina B 12
Pode ocorrer em cerca de 50% dos pacientes que fazem bariátrica por mudanças na absorção do estômago e do intestino.
Os principais sintomas de falta de vitamina B12 são fadiga e fraqueza muscular. Também podem ocorrer formigamentos em braços, mãos, pernas e pés. Em alguns casos, a falta de B12 pode levar a anemia perniciosa, vista em exames de sangue.
Deficiência de Ferro e Anemia
A deficiência de ferro é muito comum após a bariátrica, principalmente em mulheres que menstruam. Uso de remédios que reduzem a acidez do estômago também pode contribuir para a esta deficiência.
Os sintomas dependem da gravidade da anemia. Quando leve, pode causar cansaço, fraqueza, dores nas pernas e queda de cabelos. Quando anemia mais grave, ocorrem tonturas, palpitações e queda de pressão.
O ferro oral deve ser reposto longe do cálcio e junto à vitamina C para melhor absorção. Muitas vezes, a depender do grau de anemia, o ferro precisa ser resposto por via endovenosa também.
Deficiência de Cálcio e Vitamina D
Estas ocorrem por má absorção de cálcio e vitamina D no intestino. A falta de vitamina D perpetua a deficiência de cálcio e pode levar a um problema hormonal chamado hiperparatireoidismo secundário. Este leva à perda de massa óssea e maior risco de fraturas. Além disso, pode haver aumento de ácidos biliares no cólon após a cirurgia e, assim, maior passagem de oxalato pelos rins e formação de cálculos renais.
Portanto, o endocrinologista que cuida do paciente após bariátrica, precisa estar atento para avaliar cálcio, fosforo, vitamina D e paratormônio nos exames de sangue e pedir densitometria óssea e USG de vias urinárias anualmente, a depender do paciente.
Deficiência de Vitamina A
A má absorção de gordura após a cirurgia leva a deficiência da absorção da vitamina A que é lipossolúvel (assim como as vitaminas D, E e K). A falta dela pode levar a lesões oculares e cegueira, mas felizmente, os polivitamínicos mais comuns já conseguem suprir as necessidades de 5.000 a 10.000 diárias desta vitamina.
Deficiência de Zinco
Esta deficiência pode ocorrer em até 30% dos casos e causa diarreias e dermatites (inflamações na pele).
A suplementação de zinco deve sempre ser feita com a do cobre para não comprometer a absorção deste último.
Deficiência de Cobre
Ocorre em até 10% dos casos, principalmente em quem faz reposição de zinco. Esta deficiência deve ser rastreada em pacientes com anemia, queda de neutrófilos no sangue, neuropatias e em pacientes que têm dificuldades de cicatrizações de feridas.
Deficiência de Tiamina
Esta deficiência é mais comum no primeiro mês após a cirurgia e tende a melhorar com o passar do tempo.
É mais comum em pessoas que abusam de álcool ou passaram por períodos de vômitos prolongados. A falta desta vitamina pode trazer consequências graves como encefalopatia (alterações do estado mental) e, neste caso, deve ser prontamente reposta por via parenteral em ambiente hospitalar.
Deficiência de Selênio
A falta de selênio é rara, mas deve ser pensada quando um paciente apresenta anemia inexplicada, fadiga, diarreia crônica ou cardiomiopatia após ter se submetido à cirurgia bariátrica.
Fonte: Annals of Internal Medicine – In The Clinic May 10 2022
Diretrizes de prática clínica para cuidados pós-operatórios de cirurgia metabólica da Associação Americana de Endocrinologistas, Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica e Sociedade de Obesidade Americana.
Especialista em Endocrinologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), ofereço tratamento e acompanhamento para pessoas que buscam viver mais e melhor, elevando a saúde e o bem-estar de cada paciente.
Meu consultório está localizado na Avenida Vereador José Diniz, 3457, no Campo Belo Medical Center aqui em São Paulo. Agende uma consulta pelo site ou pelos números: (11) 5093-6109 | 5093-6087. Se preferir, marque um horário pelo WhatsApp: (11) 97490-7707.
3 Comentários
Ótimo. Descobri muito lendo sobre as vitaminas. Agradeço todas as recomendações da dra. Melissa. Só tenho a agradecer.
Que bom que gostou 😊
Obrigada querida 😊